segunda-feira, 11 de outubro de 2010

TRÊS POEMAS PSICOSSOMÁTICOS* Lazslo Antonio Ávila

Este trabalho foi publicado originalmente na Revista IDE da SBPSP, em 2007.


Para Freud, os poetas são capazes de buscar seu material em fontes inconscientes inacessíveis para a maioria dos outros homens e, com sua arte, conseguem criar efeitos emocionais e descobrir sentidos nos níveis psíquicos mais profundos. Neste artigo confrontamos a lógica e o procedimento de duas formas fundamentais de ação do espírito humano: o pensar científico e o pensar poético. Apresentamos três poemas, de Carlos Drummond de Andrade, de Fernando Pessoa, e de Harold Pinter, e os discutimos com base no pensamento de autores da Psicossomática Psicanalítica contemporânea.

PALAVRAS CHAVE

Psicossomática – Psicanálise – Poesia - Ciência



THREE PSYCHOSOMATIC POEMS

ABSTRACT

According to Freud, poets are capable of searching for their material from unconscious sources unreacheable for the majority of the other men and, with their art, they can create emotional effects and find meanings in deeper psychic layers. In this paper we confront the logic and proceedings of two fundamental patterns of the action of the human spirit: the scientific and the poetical thoughts. We present three poems, from Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, and Harold Pinter, and we discuss them with regard to the ideas of contemporary authors in Psychoanalytical Psychosomatics.

KEY WORDS
Psychosomatics – Psychoanalysis – Poetry - Science

• *Trabalho publicado originalmente na Revista IDE da SBPSP, em 2007
TRÊS POEMAS PSICOSSOMÁTICOS


Duas modalidades de pensar podem ser veículos para o desdobramento do espírito em seu processo de conhecimento da realidade: o pensar científico e o pensar poético. Com a primeira modalidade, o espírito busca o rigor, o método, a consistência, a lógica, o adequado encadeamento das premissas, a validade, e a demonstrabilidade das conclusões.
Considera-se essencial em Ciência certos requisitos: a racionalidade, a reprodutibilidade, o controle dos parâmetros, a comprovação, a isenção, o manejo e a adequação das variáveis, a comparabilidade dos resultados, a produção de provas e evidências, e um caráter final de suas conclusões que permita ser universalizado, ou seja, demonstrável em quaisquer circunstâncias históricas ou geográficas. Em síntese, um pensar científico visa: veracidade, rigor, comprovação e universalidade.
Já o pensar poético é, de partida, mais livre. Ele não pede demonstração, lógica ou confirmação universal. Ele visa apenas sua própria expressão, se possível estética. Mas nem isso lhe é necessário. O pensar poético visa além. Visa dar-se à luz, surgir e fazer-se acolher. A Poesia espera que possa fazer eco, fazer sentido, produzir efeitos de ressonância e de movimentação psíquica.
A Poesia faz pensar e faz sentir, e se realiza ao ser conjugada. Por isso ela é a mais erótica das atividades mentais: precisa do um (o poeta) para se articular, mas precisa do dois (o ouvinte, o leitor) para se materializar como mensagem e eficácia. O leitor é tão (co-)autor quanto o poeta. Por isso Shelley dizia que toda a poesia mundial é um único e longo poema, escrito por todos os poetas, dos diferentes povos. E também por todos os que os lêem, os conhecem, os apreendem para modular sua própria sensibilidade. Ou como diz Otávio Paz: “não é o poeta que se serve da linguagem e sim esta que fala através do poeta.” (1993, p. 33). Ato erótico por excelência, não há solidão maior do que o poeta sem público, ou ato mais hostil do que não abrir o Livro.
A poesia não deve rigor, a não ser quando se quer métrica e rima. A poesia não se obriga a estilo, a não ser quando os cria ou recria. A poesia não tem lógica, a menos que a busque como matéria ou como efeito. A lógica da Poesia não é a mesma lógica da Ciência, mas é a mesma lógica da linguagem, principalmente daquela falada, a Língua, a língua de todo dia, da comunicação e da incomunicação entre os homens.
A poesia usa e abusa da Palavra. No pensar poético é quando a palavra mais profundamente mostra sua dupla face de Janos, sua dimensão de verdade, junto com seu poder de mentir. Palavra que diz, mostra, demonstra, e conduz às construções que julgamos verdadeiras, inclusive as científicas. E, por outro lado, que é o mesmo lado, pois ela é e não é, a palavra é aquilo que engana, que oculta, que distorce, que leva à decepção e ao erro. Palavras que conduzem e que fazem se perder. Palavras positivas e confiáveis, irmãs gêmeas das palavras traiçoeiras e encobridoras.
O pensar poético é assim, livre e tirânico, e sua palavra é senhora e escrava. Com a apreensão poética, o espírito pode dirigir-se à indagação do mundo de uma forma mais abrangente e profunda do que através do pensar científico. Sem se obrigar à veracidade ou à comprovação, a Poesia pode alçar vôo ou lançar-se a abismos. Pode vislumbrar ao invés de ver. Pode entre-ouvir. Pode inter-pensar.
A Psicanálise, como Freud a queria, é científica e poética. Por ser teoria, está obrigada à construção sólida dos conceitos, à observação rigorosa dos fenômenos, ao paciente trabalho da elaboração das hipóteses e à minuciosa checagem da clínica. Por aspirar ao seu registro enquanto ciência, seja natural (Freud, 1938), seja ciência humana, a Psicanálise luta por se constituir rigorosa, metódica, com um arcabouço conceitual bem estruturado e com critérios bem examinados tanto para seu exercício quanto para sua transmissão, enquanto conhecimento e enquanto profissão.
Mas a Psicanálise na clínica, no divã, no triálogo analítico, essa é poética, inegavelmente. Tal como na etimologia da palavra poesia (Poiesis significa fazer) a Psicanálise se faz na transferência, no encontro, a cada vez, de dois seres singulares e no entre-dois do Inconsciente. Nada mais é necessário, além da palavra entre eles. A palavra que se solta, associação-livre, e a palavra que se enreda nas malhas da resistência. A palavra portadora de sentido e as palavras que portam silêncio. Palavras-significação, palavras-vazio. Palavras-vida, palavras-morte. Sem a poesia viva produzida a cada sessão, a Psicanálise se converteria em discurso morto. Então, negaria a si mesma como forma de se pensar a subjetividade.

O Espírito pensa o Corpo

Propusemos, até aqui, que o espírito tem duas modalidades de pensamento para indagar o mundo: poesia e ciência. Existem, seguramente, muitas outras possibilidades ou formas de conhecer, mas aqui escolhemos estabelecer um diálogo entre as formas científica e poética. Reflitamos agora sobre alguns objetos dessa indagação.
O espírito humano se utiliza de diversos instrumentos para investigar o mundo que o cerca e para se voltar para si mesmo e refletir sobre seu próprio funcionamento. Talvez um dos problemas mais cruciais que se oferecem à sua reflexão seja o do primeiro e mais imediato dos objetos do mundo: o seu próprio corpo.
Abismo de mistérios, o corpo humano apresenta-se prontamente repartido em pelo menos três dimensões: a) de um lado, o corpo é o próprio equipamento do espírito, enquanto provido dos órgãos dos sentidos, emissários e informantes da consciência; b) por outro lado, o corpo é percebido proprioceptivamente e através do auto-exame e, neste sentido, é um objeto para o espírito; c) finalmente, o corpo é não o instrumento, ou o objeto, mas o abrigo, a morada, a exteriorização do espírito.
A dicotomia corpo-mente é um dos mais intrincados problemas filosóficos da modernidade (Nagel, 1997). Desde que René Descartes propôs a bi-partição da res extensa / res cogitans, o corpo foi remetido à condição de coisa extensa e, como tal, território de apreensão empírica e práticas mecanicistas. O corpo-organismo da ordem médica é um corpo maquinária, objeto a ser conhecido e intervido em sua substância. Mesmo quando se abordam as funções mentais, estas são apreendidas epistemologicamente enquanto expressão de processos físicos, físico-químicos, bioquímicos.
A abordagem científica do corpo realizada pela Medicina pôs em relevo as possibilidades da dissociação cartesiana. Os triunfos médicos dos séculos XVII ao XXI demonstraram a factibilidade de se tomar o Corpo em sua pura materialidade, deixando de lado, enquanto irrelevante, suas dimensões não-tangíveis, sua espiritualidade e seu funcionamento imaginário e simbólico. O espírito, a alma, a psique, o imaginário, as construções da linguagem e da Cultura, todas elas foram assimiladas a essa “coisa mental” (res cogitans) que a Ciência natural relegou (e legou) tanto para as ciências humanas, como para as outras práticas do pensamento.
Este foi o terreno fértil em que a Psicanálise vicejou. Mas o corpo sempre representou uma questão espinhosa para os psicanalistas. Gantheret (1982) afirma que o corpo nunca pode ocupar um lugar próprio e um estatuto de legitimidade na Psicanálise, permanecendo à margem e nas fronteiras, tanto da teoria quanto da prática psicanalíticas. Salienta este autor que as questões trazidas pelo corpo são de natureza “fundamental e constitutiva”, mas que, no processo histórico da Psicanálise, foram estas questões permanentemente “enterradas e encobertas” (p. 25). Autores importantes dos primórdios da Psicanálise, como Groddeck, Schilder, Federn e Reich são expressões dessa marginalização e exclusão (p. 24).
Mas o corpo, qual fênix, sempre ressurge para o pensar psicanalítico. A trajetória do próprio Freud é exemplar: de uma posição inicial de valorização das experiências corporais “reais”, nos primeiros estudos sobre a histeria, a neurastenia e as “neuroses atuais” (1893, 1894, 1896), Freud rapidamente evolui para o reconhecimento da autonomia da fantasia e da supremacia dos processos propriamente psíquicos.
O corpo vai ser concebido por Freud a partir de 1905, em seus trabalhos sobre a sexualidade, como um corpo fundamentalmente erogenizado, modelado e trabalhado pelas pulsões sexuais. As pulsões, que Freud considerava como entidades míticas, sempre foram por ele situadas nas fronteiras entre o somático e o psíquico. A libido, enquanto forma de energia, percorre e investe o corpo, o qual existe sempre na condição de experiência psíquica: imagem corporal, ou conjunto de representantes das pulsões na mente. O corpo, por si mesmo, nunca é abandonado nas teorizações freudianas: ressurge nas questões da filogenia (1912, 1915), é retomado quando Freud vai mais além do princípio do prazer (1920), é valorado nas reflexões sobre o id e a pulsão de morte (1923), participa das novas considerações sobre a angústia (1926), e em suas obras finais (1938), quando ele se refere ao “rochedo biológico”. Freud gostava de citar: “Nós devemos uma morte (ou seria melhor dizer: um corpo?) à natureza...”
A Psicanálise pós-freudiana apresentou muita ambigüidade na inclusão da dimensão corporal no corpus conceitual da disciplina. Já mencionamos a marginalização de Groddeck e outros, devemos mencionar também a tensa relação com o campo denominado como Psicossomática. Propus, em meu Doenças do corpo e doenças da alma (2002), que deveríamos distinguir duas facções, uma denominada Medicina Psicossomática, que atua com basicamente os mesmos pressupostos e objetivos da Medicina positivista; e outro, nomeado como Psicossomática Psicanalítica, que mal se distingue da Psicanálise em seus métodos e propósitos, mas que se foca na re-instalação do domínio corporal, como área de pleno direito para o pensar e o fazer psicanalíticos.
É com os elementos da psicossomática psicanalítica que faremos o contraponto “científico”, para os poemas que agora vamos discutir. Recorreremos a concepções de autores da Psicanálise, da Psicossomática e a poetas e críticos literários, para nos auxiliar.

Drummond

As contradições do corpo

Meu corpo não é meu corpo,
é ilusão de outro ser.
Sabe a arte de esconder-me
e é de tal modo sagaz
que a mim de mim ele oculta.

Meu corpo, não meu agente,
meu envelope selado,
meu revólver de assustar,
tornou-se meu carcereiro,
me sabe mais que me sei.

Meu corpo apaga a lembrança
que eu tinha de minha mente.
inocula-me seu patos,
me ataca, fere e condena
por crimes não cometidos

O seu ardil mais diabólico
está em fazer-se doente.
Joga-me o peso dos males
que tece a cada instante
e me passa em revulsão.

Meu corpo inventou a dor
a fim de torná-la interna,
integrante do meu Id,
ofuscadora da luz
que aí tentava espalhar-se.

Outras vezes se diverte
sem que eu saiba ou que deseje,
e nesse prazer maligno,
que suas células impregna,
do meu mutismo escarnece.

Meu corpo ordena que eu saia
em busca do que não quero,
e me nega, ao se afirmar
como senhor do meu Eu
convertido em cão servil.

Meu prazer mais refinado,
não sou eu quem vai senti-lo.
É ele, por mim, rapace,
e dá mastigados restos
à minha fome absoluta.

Se tento dele afastar-me,
por abstração ignorá-lo,
volta a mim, com todo o peso
de sua carne poluída,
seu tédio, seu desconforto.

Quero romper com meu corpo,
quero enfrentá-lo, acusá-lo,
por abolir minha essência,
mas ele sequer me escuta
e vai pelo rumo oposto.

Já premido por seu pulso
de inquebrantável rigor,
não sou mais quem dantes era:
com volúpia dirigida,
saio a bailar com meu corpo.

Carlos Drummond de Andrade, in: Corpo, 2002, p. 13.

Ah, gigante Drummond! Como escrever e pensar tuas imagens sem empobrecê-las, descaracterizá-las, ou esmaecê-las? Sugiro ao leitor que releia uma vez mais o poema, para que seu diálogo com o poeta, seu encontro emocional intimo e secreto, não se perturbe em demasia.
Agora, se me permitem o poeta e o leitor, quero ressaltar algumas passagens do poema, que tanto por sua forma quanto por seu conteúdo, parecem conter poderosas intuições de alguns dos temas de maior significação para a discussão da interação corpo-mente.
Já nas primeiras linhas de seu poema, Drummond nos lança de chofre numa construção que inverte nossa apreensão cotidiana do corpo. Nossa percepção mais imediata e freqüente de nosso corpo é a de uma roupagem; aliás, poderíamos dizer que nosso corpo é um “hábito”, tanto no sentido daquilo que faz (ou não faz) um monge, quanto por seu caráter de continuidade, rotina.
É como se o corpo fosse uma espécie de “vestimenta”, de roupagem exterior ao Eu, que seria, este sim, aquilo que somos verdadeiramente. Temos a impressão de vestir nosso corpo, sem nunca nos confundirmos inteiramente com ele. O corpo é visto como algo quase exterior, quase acessório. Vivemos uma ilusão de que poderíamos estar em outra “pele”, que seríamos sempre nós mesmos, ainda que tivéssemos outra aparência. O corpo nos parece casual e momentâneo e é isso inclusive o que nos auxilia a irmos alternando nosso corpo, do corpo da criança para o do jovem, para o do adulto e para o do idoso, mantendo a ilusão de nossa continuidade, do nosso sermos-nós-mesmos, ainda que o envoltório externo possa diferir consideravelmente, mudando de forma, de textura, de volume, de cor de cabelos, etc.. Mas o que é essencial é a constância de nossa identidade, e nós a apoiamos apenas parcialmente em nosso corpo físico.
Mas não é nada disso o que o poeta nos apresenta. Drummond nos propõe uma formula muito mais perturbadora: a de que o nosso corpo é outro ser. Não apenas a “ilusão de outro ser”, mas alguém que “me sabe mais do que me sei”. Alguém capaz de “ardis”, de “invenções”, de “se divertir sem que eu saiba ou deseje”, alguém que ordena, que nega e que decide sobre os destinos do prazer. Quem é este ser assim tão poderoso, que manda no Eu e o obriga a tantas coisas? Como conviver com este ser, que é “rapace”, e que voraz e insaciável, não escuta ao Eu “e vai pelo rumo oposto”?
O poeta nos conduz a um tão fascinante quanto angustiante encontro: há um corpo-sujeito que demanda reconhecimento e que tem autonomia e autoridade suficientes para obrigar o Eu a seguir seus próprios propósitos.
Onde encontramos, na literatura psicanalítica, uma descrição semelhante? Sem dúvida, em Georg Groddeck.
Groddeck é um autor maldito na Psicanálise e na Medicina. Médico, clínico geral genial, atuando na Alemanha e contemporâneo de Freud, acreditava ter sido ele o inventor da Psicanálise (Épinay, 1988; Ávila, 1997). Foi ele quem forneceu a Freud o conceito do Id, como Freud reconheceu explicitamente em “O Ego e o Id” (1923). Mas a Psicanálise não incorporou Georg Groddeck e embora ele venha recebendo muita atenção recentemente, já foi acusado de ter uma visão mística do inconsciente e de se pautar por uma atuação “selvagem” em Psicanálise. A Medicina também não o reconheceu, embora hoje esteja bem documentado que ele foi o verdadeiro “pai” da Medicina Psicossomática (Grotjahn, 1945; Biancoli, 1997; Usandivaras, 1979). Foi, pelo menos, o autor que mais profundamente reconheceu que o corpo era a expressão de uma força autônoma, o Isso, que “vive a nossa vida”.
Assim se expressa Groddeck: "Acredito que o homem é vivido por algo desconhecido. Existe nele um 'Isso', uma espécie de fenômeno que comanda tudo que ele faz e tudo que lhe acontece. A frase 'Eu vivo...' é verdadeira apenas em parte; ela expressa apenas uma pequena parte dessa verdade fundamental: o ser humano é vivido pelo Isso." (1984, p. 9). Esta mesma idéia já se encontrava presente quando ele iniciou sua correspondência com Freud, em 1917. Groddeck afirmava então: “...o corpo e a alma são algo em comum; [que] aí se encontra um id, uma força pela qual somos vividos enquanto cremos viver.” (citado em Épinay, 1988, p. 100-1).
Em Drummond vemos como o corpo é capaz de aprisionar a alma, de atacar e ferir e condenar o Eu, devido a “crimes não cometidos”. A Psicanálise nos ensinou a ver que existem “crimes” cometidos por nosso inconsciente, que são muito mais cruelmente punidos do que o Eu consciente, em sua vã filosofia, poderia imaginar. Uma das formas dessa punição é a Doença. Groddeck tem uma visão muito semelhante desse assunto: "é o inconsciente que atua; mais ainda na escolha da própria doença, no desejo de ficar doente. Esse é um assunto exclusivamente do Isso. É o Isso inconsciente e não a razão consciente que cria as doenças." (1984, p. 11). E para compreender as diferentes intensidades dos crimes e seus castigos na forma de doenças, ele diz: "quanto mais profundo for o conflito íntimo do ser humano, mais graves serão as doenças, pois elas representam simbolicamente o conflito. E, inversamente, quanto mais graves as doenças, mais os desejos e a resistência a esses desejos serão violentos. Isso se aplica a todas as doenças" (Idem, p. 95).
Mas a redenção é possível: o poeta Drummond, após nos apresentar toda a violência do confronto do Eu com o corpo, assume uma “volúpia dirigida” e, metamorfoseado pelo conhecimento desses conflitos, pode sair a bailar com seu próprio corpo. Solução brilhante, eminentemente sublimatória, que possibilita ao Eu não apenas reconhecer seu parceiro, o Corpo, mas torná-lo seu par, na harmonia voluntária e prazerosa de uma dança. Mas poderíamos ainda perguntar: - E depois do baile, será que eles fazem amor?

Pessoa (Um, muitos)

"As quatro canções que seguem
Separam-se de tudo o que eu penso
Mentem a tudo o que eu sinto,
São do contrário do que eu sou...

Escrevi-as estando doente
E por isso elas são naturais
E concordam com aquilo que sinto
Concordam com aquilo com que não concordam...
Estando doente devo pensar o contrário
Do que penso quando estou são.
(Senão não estaria doente),
Devo sentir o contrário do que sinto
Quando sou eu na saúde,
Devo mentir à minha natureza
De criatura que sente de certa maneira...
Devo ser todo doente - idéias e tudo.
Quando estou doente, não estou doente para outra cousa.

Por isso essas canções que me renegam
Não são capazes de me renegar
E são a paisagem da minha alma de noite,
A mesma ao contrário..."

Fernando Pessoa, in: Seleção Poética, 1971, p. 148.

Eterna perplexidade nos causa este(s) poeta(s). Fernando é múltiplo, como não se cansam de cantar todos os que são aprisionados pela lira que ecoa as paixões que dilaceravam sua Pessoa.
Fernando Pessoa escreveu o poema acima sob o heterônimo de Alberto Caieiro, o que o torna ainda mais inusitado e impressionante. Sabemos de Caieiro que com essa “persona” poética, Fernando Pessoa traduzia sua mais serena face. Em Caieiro está o bucolismo do campo, a paz das montanhas, o trabalho dos dias, a oração silenciosa do homem instalado em harmonia no Cosmos, plenamente identificado ao Deus-Natureza.
Por isso, o Caieiro doente surpreende tanto, e Pessoa nos desorienta e arrebata. Ele usa seu heterônimo mais integrado (leia-se o ensaio intitulado “Caieiro Zen, de Leyla Perrone-Moisés, 1982, pp. 113-159), para nos fazer pensar nos estados desintegrados da doença. A doença é vista por ele como um “estado-oposto”, um avesso da alma, como a noite do espírito.
O mesmo Caieiro afirmava sempre: “Pensar é estar doente dos olhos”, ou “A metafísica é questão de estar mal disposto”, ou ainda: “O que penso eu do mundo? Sei lá o que penso do mundo! Se eu adoecesse pensaria nisso.” (1971, p. 139). O que fazemos agora com esse Caieiro doente?
O Poeta, irônico, diz que estas canções são “naturais”, porque “concordam com aquilo que não concordam”. A doença, na poderosa antecipação criativa de Fernando Pessoa, encontra sua justificativa exatamente do fato de ela ser a expressão de uma contra-natureza, de um contra-Eu.
Diz Caieiro que estas canções que o renegam não são capazes de o renegar e são a sua mesma alma, mas em paisagem noturna. Extraordinária idéia, a de estar doente de tudo, inclusive e principalmente, das idéias. Fica, para a Psicossomática, e para a prática clínica de atender psicanalíticamente pessoas fisicamente doentes, a fértil hipótese de que o sujeito está do avesso, inteiramente implicado e “traduzido” em seus sintomas de doença. A doença, então, apresenta-se como linguagem, como texto cifrado, como Pedra de Rosetta, como poema.
Este é o propósito de se abordar interpretativamente fatos e fenômenos que aparentemente são apenas biológicos, doenças exclusivas para os médicos, quando, na verdade, como Caieiro adverte, são fatos profundamente pessoais. Escrevi alhures:
“Embora a Doença seja definida como ‘entidade nosológica’, é preciso reconhecer que o indivíduo faz sua doença, pois ‘a doença é coisa pessoal’: independente do diagnóstico, da evolução conhecida da doença, do prognóstico e dos recursos terapêuticos empregados, o que se constata, diariamente, é que o indivíduo dá um curso pessoal ao seu enfermar, atribuindo significados à sua doença, ao seu médico, ao tratamento e a toda a situação. Embora existam processos típicos, e evoluções características dos quadros, e é isto aliás, o que permite que a Medicina se constitua como saber objetivo, também existem incontáveis variações individuais, que não podem ser todas caracterizadas como exceções, e muito menos como novos quadros nosológicos. O indivíduo ‘faz’ a sua doença, determina o sucesso ou o fracasso do tratamento que lhe é prescrito, ‘escolhe’ a saúde ou a doença, e dentro de certos limites, a vida ou a morte. E é aqui que se situa o nó, o campo inexplorado que vai caracterizar um limite para a Medicina, uma questão para a Psicanálise e o motor para o surgimento da Psicossomática.” (Ávila, 2002, p. 23)
Retomemos o poema. Diz tão bem o poeta: “Estando doente devo pensar o contrário do que penso quando estou são. (Senão não estaria doente)”. Há uma evidente intencionalidade neste adoecer: o poeta está a necessitar de uma via para a expressão de coisas que lhe são contrárias. De que outra forma ele poderia manifestar o Inconsciente e suas pulsões? Sem a necessidade do rigor conceitual da ciência, a poesia pode ir direto para o que é essencial, mas se oculta da vista (inclusive, e principalmente, da vista dos médicos ou da visão da Ciência). A doença vem por que é necessária, necessária como veículo para uma diferença, para a emergência de uma verdade outra. O Sujeito se faz doente.

Pinter e a Morte

12/05/2002 – Harold Pinter, um dos principais dramaturgos da atualidade, tornou público, neste poema, que está sofrendo de um câncer no esôfago.

Células cancerígenas

“Células cancerígenas são aquelas que
se esqueceram como morrer”.
Enfermeira, hospital Royal Marsden

Elas se esqueceram como morrer
E assim disseminam morte ao viver.

Eu e meu tumor travamos um embate cordial.
Tomara não terminemos num empate mortal.

Eu preciso ver o meu tumor morto
Um tumor que se esquece de morrer
Mas não de tramar para me ver morto.

Mas eu me lembro como morrer
Embora eu só tenha testemunhas mortas.
Mas eu me lembro do que elas falaram
De tumores que as fariam
Tão cegas e surdas como eram
Antes do nascimento dessa doença
Que trouxe o tumor à dança.

As células negras vão murchar e morrer
Ou com alegria vão cantar e dar cria.
Elas procriam tão quietas noite e dia.
Que nunca se sabe, nunca nenhuma pia.

Harold Pinter
(Trad.: Mário Sérgio Conti).

Choque, dor. Espanto, medo. Diálogo insensato com um corpo que enlouqueceu. Busca desenfreada de compreensão de um outro, que fala uma língua estranha, incompreensível. Duelo de vida e morte entre dois que querem viver e, para viver, um deve tomar a vida do outro. O homem no limite de si. Indagando a morte. Perscrutando seu corpo. Buscando saber. Buscando saber-se.
O poema nos arrepia. O homem pede terapia. As células dão cria. O homem cria. Faz seu poema, denuncia seu próprio corpo. Não quer calar, não quer consentir. Sente. Ressente. Mas não consente.
A Morte é o limite. O mais tenebroso. Uma morte que se anuncia assim, terrível. Fobos, na mitologia grega, é o deus do medo. Temor fóbico desse câncer que surge inesperado, e cresce e corta, e avança, sorrateiro.
Georg Groddeck dizia que nosso temor quanto ao câncer já surge da própria imagem que os antigos escolheram para representar esta doença. O câncer é o caranguejo, que anda para trás, e com isso faz as forças da vida recuarem. O câncer tem pinças cortantes, por isso ele é desde sempre um símbolo para a castração. A pior das castrações, a castração da vida. O caranguejo é um animal simbólico, e esse simbolismo tem grande eficácia na produção de sentidos para a compreensão das doenças psicossomáticas.
Numa perspectiva científica sabemos que o câncer é uma das principais causas de mortalidade do mundo contemporâneo, e isso não apenas nos países desenvolvidos. Figura mundialmente como a segunda das causas orgânicas de óbitos, atrás apenas das doenças cardiovasculares. Sabe-se também que há uma profunda correlação entre a depressão e o câncer, demonstrada em inúmeras pesquisas empíricas.
A literatura psicossomática apresenta um grande número de estudos que comprovaram a prevalência do câncer em pessoas que haviam sofrido perdas emocionais significativas no período, de seis meses a até dois anos, que precedeu o aparecimento de seus sintomas. A depressão não apenas surge em decorrência do câncer, como o antecede, e este é um dos aspectos diagnósticos mais importantes a ser levado em conta para a evolução da moléstia. Para muitos canceres não há cura conhecida. Felizmente, para muitos outros, há recursos médicos, drogas, cirurgias, tratamentos paliativos e remediativos. E para algumas das formas menos severas do câncer, e desde que não tenha ocorrido metástase, já se pode falar em cura completa. A Medicina moderna realizou grandes progressos na área e isso sem dúvida tem relação com o investimento em pesquisas no Primeiro Mundo, onde a maioria das outras doenças já se encontra sob maior controle.
Na esfera psi, psicológica, psiquiátrica e psicanalítica, também tem surgido importantes contribuições. Criou-se uma área especializada, a Psico-oncologia. Há estudos diversos, sobre as reações à doença, sobre os antecedentes familiares e os biográficos, sobre os cuidados pré- e pós-cirúrgicos, sobre a qualidade de vida, sobre o suporte psicológico para os pacientes e familiares, sobre a vinculação com o stress, sobre as adaptações necessárias, sobre o coping e a resiliência.
Aqui, vamos trabalhar com duas idéias derivadas da psicossomática psicanalítica. A primeira é a do simbolismo do câncer, tal como proposto por Georg Groddeck. A segunda é derivada do trabalho de um cirurgião oncológico argentino que se mostra psicanalista, José Schávelzon. Ao final, faremos uma contribuição pessoal.
Groddeck, como já dissemos, compara o câncer ao caranguejo. Ele é muito direto no que se refere à morte, entendendo que um doente de câncer pode estar realmente recuando de sua própria vida. É possível que o doente possa estar processando seus conflitos inconscientes de uma tal forma, que a única solução que ele encontra para uma equação conflitiva seja a morte.
“Por que não morre senão aquele que quer morrer, aquele para quem a vida se tornou insuportável.” (O Livro d’Isso, p. 130)
Para Groddeck, existem coisas muito piores do que a morte. O Isso do indivíduo pode considerar determinados sentimentos tão monstruosos, que simplesmente desaparecer se torna o melhor dos alívios, o mais perfeito remédio. Às vezes o medo é de si mesmo, de tudo que em si luta por existir, mas que o Eu resiste a aceitar. Nesse caso, a doença é a chance de uma transformação do sujeito, ou um desafio maior do que ele, o qual ele não pode superar.
Michele Lalive d’Épinay (1988) resume a posição de Groddeck sobre o assunto: “A aposta groddeckiana é a de tornar o ser humano lúcido sobre o sentido de sua existência, a saber, que ele não pode escapar à morte, libertando-o do medo de ser confrontado com o que há de, ao mesmo tempo, humano e inumano em si: tudo o que lembra e chama, de perto ou de longe, a morte, a saber, a necessidade de destruir, o ódio, a vingança, etc. Mesmo doente, vive-se melhor se não se tiver medo (da morte)” (p. 122-3) E citando o próprio Groddeck: “Aderir a este destino com uma melancolia alegre é dever do ser humano” (p. 123).
Vejamos agora o pensamento de Schávelzon. Esse autor, calcado em sua longa experiência como médico especializado em oncologia propõe uma abordagem psicossomática para a compreensão do processo da doença cancerígena. Propõe que estendamos o conceito de ego, de modo a englobar não apenas a dimensão psíquica, tanto consciente quanto inconsciente, mas também a totalidade dos elementos orgânicos e psicológicos que cada sujeito reconhece como integrantes de sua própria estrutura. A seguir, Schávelzon compara a resposta imonológica do organismo, tanto às suas próprias células, como aos antígenos invasores do corpo, como uma leitura de reconhecimento do que é ego ou não-ego, parte própria ou alheia, e propõe a seguinte analogia: “Durante seu desenvolvimento, um organismo demonstra reconhecer seus componentes como ego para permitir que as diferentes populações celulares de um organismo multicelular vivam juntas e em harmonia. (...) Não obstante, em qualquer momento, pode-se ‘desconhecer’ uma parte do ego, considerando-o não-ego, e criando anticorpos contra seu próprio fígado, pâncreas, tireóide, pele, articulações ou outros. Conhecemos esta circunstância como ‘enfermidades de auto-agressão’ e sua relação evidente com circunstâncias estressantes vitais”. (1992, p. 217).
Acredita Schávelzon que no câncer, por algum motivo, o ego atribui determinados privilégios biológicos para o tumor. As células normais do organismo costumam duplicar-se, para promover a renovação orgânica e funcional. Mas esse equilíbrio é rompido no câncer: “As células tumorais não participam deste princípio biológico, sendo sua reprodução praticamente infinita, enquanto participarem os elementos necessários para seu metabolismo. Deste modo, comportam-se como imortais.” (p. 226). Assim, ao invés de duplicar-se e morrer, como as células normais, as células cancerígenas recebem o privilégio de continuarem a receber alimento, oxigênio, e condições para sua multiplicação e porvir biológico. Isso, no entanto, acaba por matar a pessoa. Para esse autor, portanto, é fundamental que se considere o câncer não como uma agressão externa que afeta o indivíduo, e o ataca em sua natureza e identidade, mas como um processo onde o indivíduo in totum está em jogo.
Se aproximarmos o pensamento destes dois autores, veremos que uma mesma concepção se delineia: no câncer, como nas enfermidades auto-imunes em geral, e possivelmente em toda e qualquer enfermidade, o processo do adoecer é um fenômeno biográfico da maior relevância. É um fato do existir de um sujeito, um aspecto de sua história. Revela uma íntima contradição, um conflito do Eu consigo mesmo, uma guerra particular, onde os contendores, tal como no célebre Bhagavad Gita, são todos parte da mesma família. Vencer a si mesmo é correlato do conhecer a si mesmo.
Em sua carta de número 32, no Livro d’Isso, Groddeck propõe que se conceba o Eu não como uma unidade, mas como uma coletividade. Para ele existem inúmeros Issos, além do Isso que vive o Eu. “A relação desse Eu-coletivo com o Isso é a seguinte: esse Eu é um produto do Isso, tanto quanto cada manifestação e comportamento desse ser, os fatos de sua vida, suas doenças e sua morte. É o Isso quem modelou suas células, da mesma forma que dirige seus pensamentos e suas percepções. O todo é complexo em demasia e a maior parte do que se passa fora da consciência é insondável. As unidades-Isso e os Issos-coletivos operam, ora em conjunto, ora em oposição, e seus desempenhos são sempre extraordinários.” (Ávila, 1998, p. 172).
A partir desta concepção groddeckiana, junto às proposições de Schávelzon, podemos reler o poema de Pinter como uma busca frenética de articular um Eu-coletivo, que se faça soberano frente aos processos que se desenvolvem à sua revelia, em um corpo que dá vida a um tumor. O corpo está se apresentando de uma forma anárquica, subversiva, dando, por conta própria, vida a uma parte de si, à qual o Eu quer negar todo reconhecimento. Percebe o poeta, com clareza trágica, que não basta abordar “cientificamente” seu câncer. É preciso fazê-lo seu, apropriar-se das mensagens que ele, hieroglificamente, transporta. Dialoga o poeta com seu tumor: ele quer sua própria morte, quer viver sua vida e morrer sua morte, e não perdê-la para o seu tumor. Por isso o poema finaliza tão urgente: é preciso que estas células (essas células-Isso) não sejam tão quietas, não se multipliquem e procriem assim, sem um pio; que elas mostrem a que vieram, para que o Eu total, o Eu da psique e do soma, possam se encontrar em uma dança e um canto que não entoem a canção da morte.
É preciso celebrar uma outra canção. “Somente a própria vida, o Isso, tem uma noção do que é a psicologia e os únicos intermediários desse conhecimento através da palavra são os poucos grandes poetas que existiram.” (Georg Groddeck, O Livro d’Isso, p. 202).








Referências Bibliográficas

1) Andrade, C.D. - Corpo, 16ª ed., Rio de Janeiro: Record, 2002.
2) Ávila, L.A. – Doenças do corpo e doenças da alma, investigação psicossomática psicanalítica. 3ª ed., São Paulo: Escuta, 2002.
3) ___________ - Isso é Groddeck. São Paulo: EDUSP, 1998.
4) __________ - “A doença na alma: Georg Groddeck e a psicossomática psicanalítica”, Percurso, Revista de Psicanálise, 10(19), 43-48, 1997.
5) Biancoli, R. – “Georg Groddeck, the psychoanalyst of symbols”, International Forum of Psychoanalysis, 6(2), 117-25, 1997.
6) Épinay, M.L. d’- Groddeck: a doença como linguagem. Campinas: Papirus, 1988.
7) Freud, S. – Esboço de Psicanálise (1938), in: Edição Standard Brasileiras das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Volume XXIII, Rio de Janeiro: Imago, 1980.
8) Freud, S. – “Alguns pontos para o estudo comparativo das paralisias motoras orgânicas e histéricas” (1893) , in: Op. Cit., Vol. I.
9) _________ - “As neuropsicoses de defesa” (1894), in: Op. Cit., Vol. III.
10) _________ - “Novos comentários sobre as neuropsicoses de defesa”. Idem.
11) Groddeck, G. - Livro dIsso. São Paulo: Perspectiva, 1984.
12) Grotjahn, M. – “Georg Groddeck and his teachings about man’s innate need for symbolisation: a contribution to the history of early psychosomatic medicine”. Psychoanalytic Review, 32, 9-24, 1945.
13) Gantheret, F. - "Lugar y estatuto del cuerpo en el Psicoanalisis". Revista Uruguaya de Psicoanalisis, n. 61: 23-32, 1982.
14) Nagel, T. – Mortal questions. Cambridge: Cambridge University Press, 1979.
15) Paz, O. - Claude Lévi-Strauss ou o Novo Festim de Esopo, São Paulo: Perspectiva, 1993.
16) Perrone-Moisés, L. “Caieiro Zen”, in: ________ - Aquém do eu, além do outro, São Paulo: Martins Fontes, 1982.
17) Pessoa, F. - Seleção Poética, Rio de Janeiro: Manancial e Instituto Nacional do Livro, 1971.
18) Pinter, H. – “Células cancerígenas”, in: Jornal Folha de São Paulo, Caderno Mais, São Paulo, 12/05/2002.
19) Schávelzon, J. – “Sobre Psicossomática e câncer”. In: Mello Fº, J. – Psicossomática Hoje, Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
20) Usandivaras, R.J. – Georg Groddeck: a pioneer in the integration of the body with the mind”, Medicina, Buenos Aires, 39(1), 133-44, 1979.


Lazslo Antonio Ávila
Psicólogo, Mestre e Doutor (USP), Pós-Doutorado na
University of Cambridge (UK), Professor adjunto da
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, SP.
Endereço: Rua Saldanha Marinho, 3564
São José do Rio Preto, SP – CEP 15014-300
Tel: 17 231 1922
e-mail: lazslo@terra.com.br

Um comentário: